quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

vó alzira.


as lembranças da vó alzira?
a risada que chacoalhava a barriga, suas mãos, o cheirinho do seu perfume e a música do sabiá.
nunca cheguei nem perto de lhe dizer, vó.
te amo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

as unhas estão compridas demais e vivem lascando, enroscando, arranhando.
a pele demora a apagar as marcas da cama. demora o dia todo.
os olhos atrasados, a voz rouca e baixa. as costas, recostadas horas a fio, a janela fechada.
o cabelo embaraçado, murcho, esquecido. tato morto.   

sábado, 12 de fevereiro de 2011

agradeço.

pelas pintas, pelas rugas, marcas, cicatrizes. por todos os capotes, hematomas, agradeço. o amanhecer de todo dia, os pés de fruta, os cheiros de terra e de mato e de água caindo do céu. pela água que eu bebo, pela água que escorre pelo corpo, pela água que molha o chão. pelas palavras. pela coralina. pela dor no peito, pela escuridão, pelo desamparo, pelo desapego.

agradeço por cada burrice, cada erro, cada topada, cada tropeço. por todas as árvores e por cada uma. pelas alergias, ânsias, medos. pelas janelas e pelas pontes, pela cor amarela, por meu anjo da guarda, por sentir emoção. por ter amamentado, por ser mãe, mulher, gente. pelo suor, pela canseira, e ah! agradeço por toda beleza, tanta, tanta que dói.

agradeço pelo novo e pelo velho, pelas sementes, pelas gentes de todo dia, por escrever com caneta. pelos perfumes, por meus seios e por meus olhos. por tudo o que está por vir. agradeço pela música! pelos filmes que vejo, vi, verei. pelo chocolate e pelo gelo. pelas amigas, amigos (sorriso), pelos sobrinhos, pelas crianças, pelas crianças, pelas crianças desse mundo, meu deus. agradeço pelo tunico. 

agradeço saber e não saber. cada encontro, o céu, imenso. o mar, imenso. o sol. os óbvios e essenciais. a lua daquele jeito falta o ar de linda. céu cheio de estrela. cheiro de dama da noite, manacá cheio de flor. a comida, o medo de amar, o amor. os livros, a dança, o batuque. agradeço cada brincadeira, toda sujeira no campinho, no quintal, no parque. agradeço existir varandas e entardeceres. a voz do meu filho, o seu olhar que ri. sorvete, pão frito, maçã verde, limonada do meu pai, arte.

ah, como eu agradeço pelo silêncio, pelas manhãs e pelas amoras. por abraço, por arrepio, por desejo. por colo, sombra no sol, matar a sede com água, oração, yoga. pela igrejinha da jones, pelos esmaltes coloridos, pelas compulsões e repressões. pelos chinelos, pela preguiça, pelas redes de deitar. canudinhos, bolinhas de sabão, tinta, gelatina, deitar no chão.

texto sem fim.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

semente.

eu tenho muito o que plantar. eu tenho muito trabalho. eu tenho muita esperança. eu tenho o amor e tenho as mãos. eu tenho medo, mas eu vou.