sábado, 26 de setembro de 2015

affe,

se eu sair ali agora
e me molhar nessa chuva
mudar de casa, de vida, cidade
fazer bolo
ler todos os dias
quebrar os espelhos
cortar o cabelo
e dizer pulso
pegar o sapo com a mão
olhar pro céu
dizer não
dizer não tô nem aí
prá você...
muda?

mudo?
o foco, o vôo, o pouso, affe.
26/09/2015

espelho quebrado

num instante qualquer esse meu olhar de sono tropeça, desperta, desvia e vê. instante atrevido faz desejar, querer tocar, querer. querer.
de onde vem o medo que quer ridicularizar o fogo da minha pele, não tão jovem quanto a tua? e me mostra num espelho quebrado a maquiagem borrada, me diz imatura, incapaz, fora de lugar, torta, feia? e quer esfriar meu corpo quente com vergonha, cobrir meu desejo de flor com terra infértil, quarto escuro?
abre essa janela, vou sair.
01/09/2015

dele

como se lá longe, quando dobrava e pendurava as roupinhas em sua boneca de papel, com olhos cheios de encantamento pelo imenso, sem saber, ela dizia com vergonha e entrega que se casaria com ele.
e então deixava vir o vento, o tapa, o insulto, o susto, o medo. e deixava ir.
vivia como se virando a rodinha daquela tv de brinquedo, em que se mudava as imagens com os próprios dedos, lá longe...
mas a alma, aquela que sopra e reluz e dá aos olhos o brilho e a gana, moravam nele, que morava ali, naquela foto do computador. tudo o mais eram só palavras e a imaginação do seu toque quente. dele, com quem ela iria se casar.
28/01/2015