sexta-feira, 31 de julho de 2009

até chegar.


não se levante prá sair agora. eu também me sinto assim, mas vou ficar. vou ficar prá ver quando as luzes se acenderem. estarei atônita com a beleza que me fará calar e sorrir. um sorriso que não vai embora.

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as bochechas rosadas. as árvores cheias de frutos. os pés no chão. e eu aqui. em pé e sorrindo. o sorriso que não vai embora.

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quando eu não precisar mais pedir e puder oferecer. quando o sol vier. eu caminhando com certeza. e sorrindo o sorriso que não vai embora.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

é tempo de ipês florirem.

êxtases prá todo lado.
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"senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
com janelas de aurora e árvores no quintal -
árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
e ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa dos pescadores.
o que desejo é apenas uma casa.
em verdade, não é necessário que seja azul,
nem que tenha cortinas de rendas.
em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
quero apenas uma casa em uma rua sem nome.
sem nome, porém honrada, senhor.
só não dispenso a árvore,
porque é a mais bela coisa que nos destes e a menos amarga."
manoel de barros.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

um momento no domingo.


iam fazendo livres associações das coisas que os olhos viam com deus. numa dessas ela perguntou pela primeira vez, pela primeira vez verdadeiramente, sobre o que é o amor. mas não se comprometeu com respostas. de volta, se entregava ao batuque, ah, os batuques lhe arrepiavam a pele, lhe acariciavam os seios, difícil dizer. andava ligada nos cheiros. mas quando tentava ir chegando mais perto, sem graça, sempre se furtava, por vergonha, pois tinha que fechar os olhos e quase sempre esbarrava nas coisas e pessoas. mas agora ela fecha os olhos e as palavras, as imagens, os sons lhe abandonam. os cheiros não.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

sobre o peso das coisas não ditas.

que mudam a cor do lugar, dão um amargo na boca, um incômodo no corpo, vontade de levantar. o silêncio é todo povoado de sensações cinzas. os olhos procuram outro lugar.
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nós nos gostamos. estamos aqui. todos iguais.
abracemo-nos talvez. ou povoemos esse momento de risos. medrosos. histéricos.
ou de choros. sofremos. oras, sofremos.
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olha, essa pose, esse carregar lenha de salto alto. vou te dizer, não sei fazer isso não. prefiro te dar minha mão e mostrar que sou toda lesa, toda boba, fraquinha de tudo, cheia de não saber, cheia de medo bobo, de vergonha, pesar, de dor. mas só sei se for assim. se eu te mostrar.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

coralina.

chegou prá mim um presente usado, rasgado, sujo, estrupiado. semi-morto. meus olhos que não são bondosos nem nada se apaixonaram de cara por sua feiúra. aquela feiúra dita sem jeito e sem esperança, fadada a se desfazer dia seguinte. mas nada. era força e valentia só, sempre soube. desde olhar aquele corpinho de sarna, pele e osso e aqueles olhos furados de pau e prego, mas vivos. vivos de um jeito que não morrem nunca. nunca mais companheira igual.