domingo, 19 de setembro de 2010

ela queria enfiar as mãos debaixo do vestido por debaixo da mesa, suas unhas compridas demais, lixadas quadradas, sempre marcando as pernas, as pernas tensas.
seus olhos tinham que estar acima da mesa e eles logo ali, aquele cheiro de funeral, eles logo ali, o cheiro.
ninguém a olhava e ela pensava que talvez não estivesse ali, com suas mãos trêmulas e fugitivas, seus olhos a querer revirar.
ela encostou na parede, cruzou as pernas e sorriu ternamente, em brasa.

às vezes, quando o filme termina, eu tenho que chorar.
depois ficar em silêncio, chorar menos um pouco. respirar fundo, fechar os olhos e erguer a cabeça, olhando prá cima. sentir um rio. sorrir. chorar com sorriso nos olhos. como quem se apaixona, como depois do susto, como se entregar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

de volta e avante.

será mesmo que algo mexe com a gente ou dentro da gente quando fazemos aniversário?
dia antes passei pela rua da minha puberdade. acaso. segurei, não quero mais ser a menina chorona. pensei em um por um, casa a casa. lembrei as brincadeiras de rua, mobiletes, bailinhos, coração disparado, mão suada, vergonha, batom 24 horas.
constatei bobeiras quase arrependidas, senti pesares, quis encontrar aqueles dias de novo.
dia 02 foi de um sorriso de rio limpo.
e depois só acordei forte, de um jeito que nem me reconheço direito. e se não escrevo por vergonha a vergonha passou.
ontem ouvi a maternidade te fez bem.
enfim.

sábado, 3 de abril de 2010

sonhou que ele fazia aulas de culinária, o seu amor imaginário.
ela ainda é aquela mulher que se não se vê, menina confusa, confusa de tudo. não gosta de tomar sustos, do seu cabelo ralo, de buzinas no trânsito, de se sentir assim, sem saber, muda e nada. leu que ela dizia tanto de si porque era sozinha e que era o assunto que ela melhor conhecia. compra coisas que não usa, se identifica com tudo, está mesmo um tapete. precisa desesperadamente dar um passo qualquer, ter um ímpeto, um impulso, um desejo. deseja mesmo é que alguém venha lhe tirar desse lugar. não quer nem felicidade, quer alguma coisa concreta. o melhor momento do dia ainda é o banho. quer aprender a andar de patins, comprar uma calça jeans e usar maquiagem nos olhos.

sexta-feira, 26 de março de 2010


sentou no chão de cansada e susto! aqueles olhinhos tantos pulavam prá ela, de avidez, brilho, pedido. por esse tiquinho só fez-se uma inundação. lhe diziam tudo e tanto e era tudo festa e caos. ela, que devia responder, ser legal, integral e tal, chorou. prá esconder os cataventos que vivem dentro dela, levantou-se. deu a volta e deu a bronca. EEEEEEEEEE, mas que bagunça! pópará!!!


quarta-feira, 10 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

notas rápidas da vida moderna.

há muito que eu não assistia à tv. hoje, por estar obrigatoriamente acamada, vi, num dos relances do rodízio com o controle remoto, uma notícia (dada mesmo como uma nota rápida) no jornal nacional da tv globo, que me pôs perplexa.


UM CASAL COREANO É PRESO POR NEGLIGÊNCIA
o casal passava os dias e noites numa lan house, obcecado com a educação de uma criança virtual, chamada anima, num tal popular jogo chamado "second life", onde à medida em que interagiam com a criança, ela ia se desenvolvendo.
a autópsia indicou que a verdadeira filha do casal, de apenas 3meses de idade, morreu por sofrer longo período de desnutrição. ou seja, morreu de fome.
os pais a alimentavam apenas de 12 em 12 horas, momentos em que paravam o jogo, para retornar logo em seguida.


olha, não sei ainda comentar esse fato.
mas estou me sentindo um nó.

terça-feira, 2 de março de 2010

sempre paulete, di, rose e carol.





queria saber falar bem bonito prá falar delas.
nada serve.




ela sumida. gosto tanto dela.

nesses tempos que andei sumida, ela andou muito de ônibus, sentiu arrepios de tesão, brincou e parou de brincar. cansou. ela quer mesmo aprender a não querer tanto da vida, prá vida ser mais presente. ela agora gosta de olhar telhados. rachaduras de construção. tem estado entre crianças todos os dias e isso prá ela é uma grande chance. não emagreceu nadinha e ainda faz planos diários, dessa vez é certo. às vezes sente algo como uma paz e quando sente, chora como um bebê. isso é novo. gosto tanto dela.