domingo, 31 de maio de 2009


parte II

hoje teve sol. passeamos de carro a tarde toda. tomadas de sentires, gargalhadas, bobagens, mãos dadas, meninices, tolices brandas e floridas. ao passar pela represa, olhos fechados, janelas e sorrisos abertos. assim fomos, sonhando ser uma das moças das músicas do chico, sonhando com um amor... tão meninas. terezinhas.
"o primeiro me chegou como quem vem do florista,
trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista,
me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha,
me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha.
me encontrou tão desarmada, que tocou meu coração,
mas não me negava nada e assustada eu disse não.
o segundo me chegou como quem chega do bar,
trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar.
indagou o meu passado e cheirou minha comida,
vasculhou minha gaveta, me chamava de perdida.
me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração,
mas não me entregava nada e assustada eu disse não.
o terceiro me chegou como quem chega do nada,
ele não me trouxe nada, também nada perguntou.
mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer.
se deitou na minha cama e me chama de mulher.
foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não,
se instalou como um posseiro dentro do meu coração."
a gente chora a emoção pueril e gargalha nossa autocrítica.

rolê com a di.

noite boa. de reencontro com quem nunca saiu de perto. mas que andava prá lá, do lado que não quero ir. foi regado a inclassificáveis, do indizível e delicioso ney. e a noite aqui junto, bonita. bonita.

"viver ou morrer é o de menos

a vida inteira pode ser qualquer momento

ser feliz ou não, questão de talento."

ouça-me.

"você, eu tenho que ter
meu amor
prá poder comer
prá poder comer

você, eu tenho que ter
meu bem
prá poder dormir
prá poder dormir
prá poder dormir

você, eu tenho que ter
prá poder dizer
você, eu tenho que ter
prá poder dizer

entre a terra e a lua minha alma
tua
entre a terra e a lua minha alma
tua
entre a terra e a lua minha alma tua
entre a terra e a lua minha alma tua

já sabe o que eu sinto de cor
ou vou ter que escrever nos muros
gritar nas ruas
mandar por num outdoor

de tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar
de tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar

só falta você ouvir
bem que você podia pintar na sala
da minha tarde vazia

meu bem."

sábado, 30 de maio de 2009

me interessa.

me interessa suas coceiras, espirros, tropeços, engasgos, inflamações, tosses, expurgos, tiques, salivas, sonhos proibidos, vômitos, vergonhas, arrotos, medos, fraquezas, explosões, ânsias, desesperos, persistências, feridas, lágrimas, esperanças. me interessa sua nudez, sua exposição, suas pequenas alegrias, seus olhares, seus suores, seus odores, formas, cores, pernas e portas. abertas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

seres.


quando tô brincando com o tunico eu posso escolher ser qualquer coisa e ele me dá a consistência de ser.
só eu sei.

domingo, 24 de maio de 2009

vik com luxo.


vik com lixo.


vik.

.
acabo de chegar da exposição do vik muniz, no masp.
e chego flor.
.
por lá é tudo muito vivo, tudo muito cheiro, movimento tanto, toda cor e toda dança. e tem música...
.
estive tomada.
.
tantos olhares possíveis que não foi possível olhá-los todos. mas sentir sim... porque sentir é infinito. sentir é inevitável, é mais que respirar.
.
e eu que sou doente do olho e da língua, senti cada obra de corpo todo.
.
mas não sei dizer disso aqui. então digo só que cheguei flor toda fresca e multicolor.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ela ia.

ela ia sem pensar nem pestanejar pro banheiro. trancava a porta e não se sentava em cima da tampa do vaso. despia-se e acomodava-se ali, curvada e apertada, de frente pro lixo sem tampa, terço de madeira enrolado entre os dedos, é bom começar logo vai, vai... ia rezando o terço querendo não se olhar de fora. se atentasse às palavras que dizia, protestava. reprimia-se. curvava os pensamentos aos seus desejos sexuais. hora ou outra sentia o cheiro do lixo. toda hora o ridículo lhe batia à cara. reprimia-se e não parava nunca. fluxo contínuo de rezas no automático. porque fazia isso, queria saber. porque fazia isso ali, como quem cagava, queria saber. e olhava suas unhas vermelhas segurando o terço de madeira e estranhava as palavras que iam, antes de protestar fazia a curva... prá seus desejos sexuais. reprimia-se. e fingia não ter a impressão de que aquilo era desespero.

terça-feira, 19 de maio de 2009

queria fazer um pudim.

um pudim igual ao que minha vó me ensinou. e que ele fosse amarelo e bonito como doce de vitrine.
queria fazer uma colcha. e conseguir fazer dela um manto colorido cheio de histórias. queria relembrar. tenho tão poucas memórias.
queria caminhar por um cemitério vazio. e me encher daquele silêncio intenso.
queria sorrir quando olhasse prá mim pelo reflexo dos vidros. queria não me perder. não me estranhar.
queria um conforto solitário.
aprender a cozinhar. queria que minha vó tivesse me ensinado algo que eu pudesse agora relembrar.

eu demoro prá admitir as perdas.
e finjo prá sempre que não as senti.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

uma virada mais doce.

na minha virada teve
sol.

teve o nóbrega abrindo as janelas todas
e jogando pro céu do
dia
suas cirandas e
girassóis.

teve o jorge e sua
lua.
nossa festa.
.
.
.
teve o doce lucas
e nosso
esconde
esconde.
ando fugindo de doce e me escondi sempre e tonta.
.
.
.
teve a nega.
ai
que
nega.
trouxe com ela todas as negas do
mundo.
acendeu os tambores
e fez o mundo girar ensolarado naquela
saia.
eita nega da boa!

teve uns meninos
lindos
que
chegaram trazendo nos bolsos
uma festa de
criança!
piscina de bolinhas coloridas
debaixo daquele
solão.
.
teve um
entardecer...
.
e o lobão prá dizer tchau.
depressa,
depressa
demais.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

de madrugada.

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terça-feira, 12 de maio de 2009

peixes são iguais a pássaros só que cantam sem ruído som que não vai ser ouvido voam águias pelas águas nadadeiras como asas que deslizam entre nuvens peixes pássaros pessoas nos aquários nas gaiolas pelas salas e sacadas afogados no destino de morrer como decoração das casas nós morremos como peixes o amor que não vivemos satisfeitos mais ou menos todas as iscas que mordemos os anzóis atravessados nossos gritos abafados … afogados no destino de morrer como decoração das casas nós morremos como peixes o amor que não vivemos satisfeitos mais ou menos todas as iscas que mordemos os anzóis atravessados nossos gritos abafados...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"o acaso é o pai da felicidade, meu caro. e a expectativa, a mãe da decepção."
ela, por maíra dvorek (do espetáculo "olerê olará)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

é só um sentimento.










da virada: fudida e maravilhada.

me perdi de tudo logo de cara.
sem bolsa, sem roteiro, sem grana, sem celular. passei a noite achando tudo muito cheio, muito feio. andei sem parar prá ver nada. só queria ver a minha bolsa de zebra.

às 6h. da manhã emburrada e cabisbaixa, chapada de sono e exausta,com com bolha nos pés e o joelho gritando, quem me aparece? quem? quem? quem?
no minuto seguinte encontro um rosto familiar. um pouso.
suspiro...
depois do banho, do sono, do pão quente com café, estou de volta e está tudo claro e festivo.
pulei o resto do nação. tomei cerveja e m e r g u l h e i no novos baianos!!!
queria só umas seis horas desse show. mágico. lindo. delicioso.

aflorou os sentidos todos e o prazer me focou.
tudo lindo.
assim como a força da alegria naqueles olhares... dançarinos que voavam acima de nossas cabeças e quase pousavam. por aqueles olhos fui beijada todo o tempo. e me davam o céu.
assim como uma gargalhada incontrolável e como quando as pessoas começam a se olhar nos olhos no meio da multidão.
como usufruir despudorada das pequenas liberdades possíveis e zombar das nossas grandes prisões.
assim como o sorriso desse preto. ! .
assim como quando as pessoas se trombam de frente ou como quando a gente dança sem música.
como o negro intenso dessa pele me provoca uma entrega irresistível. e eu olho, olho, olho...
o vento gelado surpreendendo o nosso morno malemolente... fecho os olhos e sorrio. cantando, cantando, cantando sempre.
assim como passar batom é um gesto íntimo.