domingo, 19 de setembro de 2010

ela queria enfiar as mãos debaixo do vestido por debaixo da mesa, suas unhas compridas demais, lixadas quadradas, sempre marcando as pernas, as pernas tensas.
seus olhos tinham que estar acima da mesa e eles logo ali, aquele cheiro de funeral, eles logo ali, o cheiro.
ninguém a olhava e ela pensava que talvez não estivesse ali, com suas mãos trêmulas e fugitivas, seus olhos a querer revirar.
ela encostou na parede, cruzou as pernas e sorriu ternamente, em brasa.

às vezes, quando o filme termina, eu tenho que chorar.
depois ficar em silêncio, chorar menos um pouco. respirar fundo, fechar os olhos e erguer a cabeça, olhando prá cima. sentir um rio. sorrir. chorar com sorriso nos olhos. como quem se apaixona, como depois do susto, como se entregar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

de volta e avante.

será mesmo que algo mexe com a gente ou dentro da gente quando fazemos aniversário?
dia antes passei pela rua da minha puberdade. acaso. segurei, não quero mais ser a menina chorona. pensei em um por um, casa a casa. lembrei as brincadeiras de rua, mobiletes, bailinhos, coração disparado, mão suada, vergonha, batom 24 horas.
constatei bobeiras quase arrependidas, senti pesares, quis encontrar aqueles dias de novo.
dia 02 foi de um sorriso de rio limpo.
e depois só acordei forte, de um jeito que nem me reconheço direito. e se não escrevo por vergonha a vergonha passou.
ontem ouvi a maternidade te fez bem.
enfim.