ela ia sem pensar nem pestanejar pro banheiro. trancava a porta e não se sentava em cima da tampa do vaso. despia-se e acomodava-se ali, curvada e apertada, de frente pro lixo sem tampa, terço de madeira enrolado entre os dedos, é bom começar logo vai, vai... ia rezando o terço querendo não se olhar de fora. se atentasse às palavras que dizia, protestava. reprimia-se. curvava os pensamentos aos seus desejos sexuais. hora ou outra sentia o cheiro do lixo. toda hora o ridículo lhe batia à cara. reprimia-se e não parava nunca. fluxo contínuo de rezas no automático. porque fazia isso, queria saber. porque fazia isso ali, como quem cagava, queria saber. e olhava suas unhas vermelhas segurando o terço de madeira e estranhava as palavras que iam, antes de protestar fazia a curva... prá seus desejos sexuais. reprimia-se. e fingia não ter a impressão de que aquilo era desespero.
4 comentários:
e você tem coragem de me perguntar porque te quero no meu blog...
tsc tsc tsc...
Escreves bem e ponto.
Genialidade.
Que isso ! animal...
Adorei!
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