apesar de não ser necessária (a priori) à nenhuma das minhas prioridades de execução, comecei a ler o livro a mulher desiludida, da simone de beauvoir, e tive uma tarde incrivelmente bonita e intensa, apesar de ter mantido-se triste, conforme deveria. claro que pode haver aí um acréscimo de entrega e identificação, conforme anda típico de minha personalidade dramática, algo como querer mesmo inventar uma espessura qualquer prá momentos incomodamente embaçados. mas que me foi tirada a possibilidade do controle que eu almejava, isso foi.
passaram-se horas até eu ouvir o tunico chamar. invernou a tarde toda e me deixou livre prá não perceber o tempo passar...
"descobri a doçura de ter atrás de mim um longo passado. não tenho o tempo de me narrar, mas às vezes, de improviso, eu o vejo em transparência ao fundo do momento presente ... "
"o aspecto jovem recente da paisagem salta-me aos olhos, todavia, não me lebra tê-la visto diversa. gostaria de olhar lado a lado para os dois clichês: antes e depois, e me espantar com a diferença. mas não. o mundo se constrói sob meus olhos num eterno presente."
"verdade é que a história da humanidade é bela e é pena que a dos homens seja tão triste."
"endurecemos em alguns lugares, apodrecemos em outros, mas não amadurecemos nunca."
larguei o livro no chão sem marcar a página em que tinha parado e corri ao seu chamado, deitei abraçada a ele e era tudo aconchego.
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