sábado, 13 de junho de 2009

da minha infância não lembro quase nada.

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nada das datas, nada dos presentes, dos passeios ou brinquedos. das casas apenas a cama dobrável e desconfortável na porta do banheiro espremida, a casa escura e minha mãe chorando baixinho no meio da noite.
de mim, sempre boa e calada, cabelos trançados, laços de fita. o isolamento na escola, o parque imenso e assustador.
o que tenho de mais vivo em mim é ainda aquela folha debaixo d'água.
o que mais tarde eu soube tratar-se de um quase afogamento, motivo de desespero entre os familiares, prá mim... é a lembrança boa da infância.
eu livre, como se voando, naquele mundo de encantamento, como se dançando no ar, e aquela folha linda, de cor indefinida, dançando cúmplice comigo.
não sei quantos segundos duraram esse sonho em vida, até que pulassem em pânico prá me roubar dele, mas são nítidos e mágicos ainda em minha memória.
além disso, quase nada... a cama dobrável, a casa escura, os choramingos de sempre, o medo das pessoas, os laços de fita. eu, calada, sempre.

10 comentários:

Marcela Prado disse...

muito bom esse texto, paula.
muito bom mesmo.
e como sempre, muito diferente de mim.

eu lembro de quase tudo.
de tanto, que nao acreditam em mim quando falo de lembranças de quando eu nem andava. mas é verdade. eu lembro.

.lucas disse...

doce como sempre essa paula, meu deus, como pode ser?

livre como se voando!

adorei.

[paulinha, hoje tem caetano, você tem noção do que é isso?]

bjs.

Anônimo disse...

toda licença! :)

di disse...

Leio seus posts agora.
Com certeza a melancolia ainda está presente, mas é no encontro com nós que equlibraremos o medo, que saberemos o que está no domingo, no filme...nas pequenas coisas...

Beijos!

Anônimo disse...

ah, adorei a imagem do layout ^^

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cleyton Cabral disse...

Lembranças embaladas por tranças. Beijos!!!!!

Anônimo disse...

eu tenho memoria seletiva. rs

Camilla Dias Domingues disse...

eu gosto do que escreve, prefiro dizer que toca na minha pessoa...

Paula de Assis Fernandes disse...

amei teu texto. lindo, profundo.
e tão diferente de mim!
queria, as vezes, nao lembrar da infancia... mas sou saudosista, ela nao se esconde de mim...